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As Paralimpíadas sempre são um momento de superação e inspiração, onde atletas de diferentes partes do mundo demonstram a força do espírito humano. Desde os Jogos de Tóquio em 2021, uma nova ferramenta se tornou disponível para esses competidores: o canabidiol (CBD). A Agência Mundial Antidoping (WADA) autorizou o uso de CBD para atletas olímpicos e paralímpicos, abrindo portas para que esses competidores explorem seus potenciais com mais bem-estar.
O CBD e Seus Benefícios para Atletas
Entre os beneficiados por essa mudança estão os nadadores Talisson Glock e Roberto Alcaíde, membros da equipe de natação paralímpica, que usam a cannabis para melhorar a qualidade de vida. A rotina dos atletas paralímpicos é marcada por intensas pressões, cobranças e cargas emocionais significativas. Relatos indicam que o uso do canabidiol tem proporcionado a esses atletas uma melhora na qualidade do sono, maior concentração e uma recuperação física mais rápida. Além disso, há evidências de que o progresso de doenças degenerativas pode ser desacelerado, trazendo alívio significativo.
A decisão de permitir o uso de CBD foi recebida como um grande alívio para muitos esportistas. A substância é conhecida por ajudar na redução de inflamações, no relaxamento muscular e no controle da dor. Além disso, o CBD oferece todas essas vantagens na recuperação física dos atletas, apresentando menos efeitos colaterais em comparação com os medicamentos tradicionais.
O Caso Inspirador de Susana Schnarndorf
A nadadora Susana Schnarndorf é um exemplo notável. Competidora nas paralimpíados de Londres, em 2012 e no Rio, em 2016, Susana conquistou uma medalha de prata no revezamento 4×50 livre misto. Desde 2005, ela convive com uma doença degenerativa, a Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS). Como muitos, ela se viu pesquisando tratamentos na internet em busca de uma melhor qualidade de vida. Essa busca incessante por alívio e bem-estar é uma realidade compartilhada por muitos que enfrentam desafios de saúde semelhantes.
No caso da doença da nadadora Susana Schnarndorf, atualmente há apenas uma publicação específica sobre o uso do canabidiol, que rrelata o caso de um paciente de 56 anos com AMS que usou canabidiol de forma auto-administrada. Embora o CBD não tenha sido amplamente estudado em pacientes com AMS, este caso específico relatou melhorias subjetivas em sintomas como desconforto nas pernas, cãibras, agitação e qualidade do sono, além de uma sensação geral de bem-estar. O paciente não relatou efeitos colaterais adversos e observou uma melhora na qualidade do sono ao ponto de descontinuar o uso de trazodona, que estava sendo utilizada para distúrbios do sono. Apesar de os sintomas ortostáticos (relativos à posição vertical) terem permanecido inalterados, o paciente não apresentou síncope durante o período de uso do CBD. Este estudo, publicado por Leys et al. (2020), enfatiza a necessidade de mais pesquisas clínicas para investigar os efeitos do CBD em pacientes com AMS.
O Sistema Endocanabinoide e o CBD
O canabidiol atua em nosso organismo interagindo com o Sistema Endocanabinoide, uma rede complexa de receptores e neurotransmissores que desempenham um papel fundamental na manutenção do equilíbrio interno do corpo.
O CBD, por ser semelhante aos endocanabinoides que produzimos naturalmente, ajuda a impulsionar essa importante engrenagem de equilíbrio, contribuindo para o alívio da dor, redução da ansiedade e relaxamento muscular.
Para muitos atletas paralímpicos, que muitas vezes enfrentam dores crônicas e ansiedade, o uso do CBD representa uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida e o desempenho esportivo. No entanto, o estigma e a falta de conhecimento sobre o uso da cannabis para a saúde ainda limitam o acesso a esse tratamento eficaz.
Promovendo a Conscientização e o Acesso ao CBD
É essencial promover a conscientização sobre os benefícios do CBD, especialmente no contexto da saúde e do esporte. Através da informação e da educação, mais pessoas poderão ter acesso a esse tratamento, usufruindo dos seus benefícios para melhorar a qualidade de vida e alcançar um melhor desempenho em suas atividades.
À medida que as Paralimpíadas avançam, esperamos ver mais atletas se beneficiando do CBD, não apenas para alcançar seus melhores resultados, mas também para viver com mais saúde e bem-estar.
Referências:
Burr JF, Cheung CP, Kasper AM, Gillham SH, Close GL. Cannabis and Athletic Performance. Sports Med. 2021 Sep;51(Suppl 1):75-87. doi: 10.1007/s40279-021-01505-x. Epub 2021 Sep 13. PMID: 34515970; PMCID: PMC8566388.
Leys, F., Raccagni, C., Sidoroff, V., Seppi, K., Fanciulli, A., & Wenning, G. K. (2020). Effects of self-administered cannabidiol in a patient with multiple system atrophy. Clinical Autonomic Research. doi:10.1007/s10286-020-00704-2
Artigo desenvolvido por Ana Paula Federighi